“Coisa estranha essa de e-p-i-l-e-p-s-i-a, né? A pessoa fica
tonta, desmaia, treme e depois acorda com sono!”. Pois é, coisa estranha mesmo.
Mas você sabia que a epilepsia não é sempre assim? Algumas pessoas são
epiléticas e nem desmaiam, sabia?
O que eu quero explicar pra vocês nesse primeiro post é que
existem muitas maneiras que a doença da epilepsia pode se manifestar. E pra que
eu consiga explicar tudinho, vou começar falando do corpo humano…
O nosso corpo é uma máquina perfeita, que realiza inúmeras
funções ao mesmo tempo, desde funções vitais, como, por exemplo, os batimentos
cardíacos, até funções que não são essenciais para a vida, como aquela
corridinha quando a chuva começa a cair. A coordenação de todas essas coisas
que acontecem simultaneamente deve ser extremamente rigorosa, e é aí que entra
o sistema nervoso na história. O sistema nervoso é como se fosse uma fábrica. O
cérebro, chefe da fábrica, divide as tarefas entre os funcionários, que seriam
os neurônios, maneja o ganho e o gasto de energia, e também compensa a falta de
um funcionário colocando outro operário que realiza a mesma função no lugar
daquele que faltou, ou até criando outra maneira de compensar essa falta.
A grande figura do sistema nervoso é, portanto, o cérebro,
que concentra todas as informações essenciais para a nossa vida e que permite
que a gente perceba, identifique e interprete o mundo que nos rodeia.
Tudo bem, mas o que nós, epiléticos, temos a ver com isso?
Bom, é que a epilepsia é uma doença que causa um descontrole momentâneo no
sistema nervoso, e esse descontrole resulta nos sintomas das crises epiléticas.
Isto quer dizer que o cérebro de um epilético funciona normalmente na maior
parte do tempo, e durante as crises, então, existe um excesso de trabalho dos
neurônios, que causam as mais diversas formas de expressão da doença.
As pessoas que desmaiam durante as crises epiléticas, também
conhecidas por crises convulsivas, possuem, no mínimo, metade do cérebro
afetado pelo descontrole neuronal. O pior tipo de epilepsia, dentre os vários
existentes, é este de crises convulsivas que fazem a pessoa perder a
consciência, principalmente se esta crise durar mais que 5 minutos, sendo que
quanto maior a duração da crise convulsiva, maior a probabilidade de haver dano
cerebral irreversível. Existem pessoas que também são epiléticas e não
desmaiam; elas possuem crises que as fazem ouvir ou ver coisas que não existem,
possuem pequenos tremores focais (localizados em alguma parte do corpo
determinada), e um tipo especial de epilepsia faz com que a pessoa fique
ausente por alguns segundos, sem que ela ouça, veja ou sinta qualquer coisa
durante este pequeno espaço de tempo. Estes três últimos tipos de crises
convulsivas não são os clássicos, em que as pessoas têm as contrações
musculares típicas de convulsões, mas também precisam de acompanhamento médico
e, muitas vezes, do uso de medicamentos.
No final das contas, o que mais vale é a combinação de mente
aberta e informação. A epilepsia não é loucura; é uma doença como muitas outras
doenças, que tem tratamento e que precisa de cuidados. Ah, e sabe de mais uma
coisa? Você provavelmente conhece algum epilético e não sabe disso, e o fato de
esta pessoa sofrer de uma doença neurológica não a faz menos favorecida! E
então, vamos olhar pros epiléticos de um jeito diferente a partir de hoje? ;)
Retirado do endereço: http://crisesdefelicidade.wordpress.com/2014/03/23/epilep-o-que/